Leandro Romagnoli concedeu uma entrevista exclusiva ao orgão de comunicação oficial do clube de Alvalade, o Jornal Sporting, onde abordou os próximos compromissos dos leões, quer a nível nacional quer a nível europeu, dada a aproximação dos jogos que decidirão a passagem, ou não, do Sporting à 2ª fase da Liga dos Campeões, e também a sua prestação individual no decorrer desta época:
Depois de ano e meio de empréstimo, Romagnoli tornou-se, no último Verão, em definitivo, jogador do Sporting, facto que considera como decisivo na sua afirmação no Clube a que deve «golos».Texto: Jorge Vicente | Fotos: Pedro CruzJornal Sporting: O que mudou na transformação de atleta emprestado por um clube mexicano para jogador do Sporting Clube de Portugal?
Leandro Romagnoli: Para mim, mudou tudo. Não queria voltar ao Veracruz e nem o clube mexicano me queria de volta e assisti com felicidade aos esforços do Sporting para me contratar em definitivo, sobretudo por tudo o que se passou desde que cheguei, em Dezembro de 2005, com a época a meio e sem capacidade para entrar na equipa. Nesse período menos positivo, estava consciente de que teria de passar por uma fase de adaptação, mas fui perdendo a confiança, pois via os meses de empréstimo a passar, sem ter a possibilidade de mostrar o meu valor e conseguir o objectivo de continuar a jogar na Europa. Nesse período, surgiu a hipótese de sair do Sporting, indo para Espanha ou regressar ao San Lorenzo, mas foi nesse momento que me mentalizei de que teria de jogar aquilo que sabia - bom ou mau - e fazer dentro de campo tudo aquilo que fizera no passado e levara o Sporting a querer que viesse para Portugal. Todas as pessoas estão bem no seu país, junto da sua família e amigos, mas, para um futebolista, jogar na Europa é o melhor. Participar na Liga dos Campeões, contra os melhores jogadores. Assim, estabeleci o objectivo de vir e conseguir permanecer a jogar na Europa e estou muito feliz e agradecido ao Sporting. Deixei de estar «atado» e tudo melhorou: comecei a jogar e o Sporting contratou-me em definitivo.
Jornal Sporting: Como qualifica a sua prestação, esta época?
Leandro Romagnoli: Tenho de fazer mais golos. Jogo numa posição avançada e que «obriga» a marcar, pelo menos, cinco a sete golos por época, tal como os avançados do plantel. Neste momento, é Liedson quem marca quase todos os golos e falta um pouco mais de confiança e de acerto aos que estamos mais perto da baliza adversária. Estou a tentar marcar, o que não chega, mas há que continuar a procurar o golo, bem como nos casos dos outros avançados, à excepção de Liedson.
Jornal Sporting: Como analisa o arranque da presente edição do campeonato?
Leandro Romagnoli: O FC Porto está com uma vantagem importante. Porém, quando jogamos com eles, não existe uma diferença de valor entre as duas equipas, sendo os jogos decididos por pormenores com vitórias para ambos os lados. O que se passa, neste momento, é que o FC Porto tem sido mais consistente, vencendo os jogos mesmo quando joga mal. Assistimos aos seus encontros e ganha sempre por 1-0, muitas vezes, sobretudo fora, não o merecendo. Não jogámos bem com o Nacional e ficámos empatados a zero. É essa a diferença. Porém, faltam ainda muitas jornadas para disputar, incluindo a recepção ao FC Porto e ao Benfica e os dois jogos entre essas equipas. No ano passado, o FC Porto perdeu muitos pontos após o Natal e oxalá que se passe o mesmo esta época, mas - acima de tudo - temos de vencer os nossos jogos, pois se perdermos pontos, de nada nos servirá se os outros também não ganharem.
Jornal Sporting: A qualificação em Fátima, para a fase de grupos da Taça da Liga, é um factor motivador para a «retoma de resultados»?
Leandro Romagnoli: Estivemos três jogos sem ganhar, o que foi complicado. Não estamos acostumados a isso e no jogo com o Fátima, embora não jogando bem, conseguimos dar a volta ao resultado. Demonstrámos que nunca perdemos a cabeça com as desvantagens na eliminatória e conseguimos seguir em frente. E agora? Somos, teoricamente, os principais candidatos à vitória na competição, mas esta competição já mostrou que o favoritismo tem de ser comprovado em campo. O Setúbal já demonstrou a sua qualidade e tanto o Penafiel como o Beira-Mar tiveram de vencer para chegar a esta fase. Temos de trabalhar e provar dentro de campo que somos melhores.
Jornal Sporting: Como antevê a deslocação a Braga, para o campeonato?
Leandro Romagnoli: O Braga é uma das boas equipas do campeonato, com bons jogadores, que criam muitas dificuldades nos jogos em casa. Neste momento, estão em mudança de treinador, o que, na minha opinião, ainda nos trará mais problemas para conseguirmos vencer, já que todos os jogadores estão a tentar mostrar-se ao novo responsável técnico. Na Argentina, existe um ditado que diz: "Treinador que debuta, ganha" e cabe-nos contrariar isso e conseguir os três pontos, fundamentais para lutarmos pelos nossos objectivos.
"NÃO PODEMOS SEQUER EMPATAR EM ALVALADE""Depois da derrota em Roma, se não ganharmos em casa à equipa italiana, o segundo lugar ficará mais longe. O objectivo é ganhar à Roma, fazer um bom jogo em Manchester e vencer o Dínamo. Não podemos sequer empatar os nossos jogos em casa, se quisermos o apuramento. Para o conseguirmos, é muito importante a experiência na competição, adquirida o ano passado, tanto os bons como os maus momentos. Fizemos um bom jogo com o Manchester, mas não vencemos, e agora, teremos de saber o que fazer, sobretudo, nos jogos em casa, para passarmos à segunda fase da «Champions»"
10 ANOS SEM MARADONA"Foram 10 anos que passaram muito depressa. É o meu ídolo, como de todos os argentinos e de muitos adeptos de outros países. Sinto um grande carinho por ele, que, para nós, no futebol, é o melhor de sempre. A sua referência no seu livro? Estava a começar a jogar na Argentina e ele disse que tinha boas condições. Fiquei muito feliz por ver o meu ídolo a falar de mim."
AS ELEIÇÕES NA ARGENTINA"Nunca me interessei muito pela política. Sei que houve leições e ganhou a mulher do anterior Presidente da República. A Argentina passou por uma grave crise económica, em 2001, e ainda existem muitas dificuldades no dia-a-dia do meu país. Procuro ajudar os meus familiares, dentro das minhas possibilidades, pois a Argentina ainda não está num bom momento."
VELOSO E MOUTINHO"São um exemplo para os jovens dos escalões jovens do Clube. O Moutinho, com 21 anos, é jogador da selecção nacional e «capitão» do Sporting, existindo ainda muitos clubes europeus interessados na sua contratação. O mesmo se passa com o Veloso. Foi emprestado, voltou, e agora é uma das figuras da equipa. Os jovens que treinam connosco nestas últimas semanas? Sabemos que o Sporting tem uma boa Academia e que os melhores jogadores sempre saem da formação do Sporting. Os que estiverama treinar, têm vontade de chegar à equipa A. Têm qualidade e tudo isso é bom para o Sporting."
KATSOURANIS RECONHECE GRANDE PENALIDADE NO «DERBY»"Não sabia e fico feliz por ele reconhecer aquilo que toda a gente viu: não jogou a bola e derrubou-me. O árbitro não entendeu isso, nem a outra grande penalidade no lance que ele cortou com a mão. É pena, mas o jogo já acabou, empatámos e não há nada a fazer acerca disso. Já referi, numa entrevista, que todos erram, sejam os jogadores ou os árbitros."
FUTEBOL SEMPRE PRESENTE"Quando não estou no Sporting, fico sempre em casa. É muito raro sair, a não ser - uma vez por outra - para jantar fora. Gosto muito de estar em casa com a minha mulher e as minhas duas filhas, de três e um ano, com a curiosidade da mais pequena ter nascido em Portugal. Tenho uma vida tranquila. Televisão em casa? Sempre a ver futebol, seja na televisão ou na Internet para acompanhar o campeonato argentino. O futebol é a minha paixão. Seja o campeonato português, inglês ou espanhol. Também assisto, à noite, a uma ou outra novela, na companhia da minha mulher."